Não só a
Biomecânica como as outras disciplinas científicas levam em consideração
características específicas de um campo de estudos relacionados com as diversas
áreas da Educação Física. Quando o profissional insere-se no contexto
específico desta profissão, ele percebe que, no sentido operacional, os
conceitos determinados para cada Ciência são pelo menos pobres, e não informam
as reais características de cada campo de conhecimento. O que atualmente
nota-se é a infinita gama de conhecimentos que o educador físico deve dominar
para exercer sua função. A medida que o leque de atuação profissional dos
diferentes campos de trabalho vai sendo ampliado, percebe-se que muitos dos
conhecimentos julgados inúteis mostram-se extremamente adequados aos fenômenos
apresentados. É típico que os indivíduos que conhecem muito pouco do ramo
científico, afirmem que o mesmo só de presta para um determinado fim.
Afirmações como essa, se tomadas como verdade dificultam a compreensão das
reais possibilidades de aplicações das informações oriundas de qualquer tipo de
conhecimento científico. Por isso é de fundamental importância que
argumentações simplistas sejam examinadas quanto ao seu grau de veracidade,
antes de serem adotadas como válidas de formas a evitar tanto quanto uma adoção
precoce quanto uma rejeição incondicional.
A
Biomecânica estuda diferentes áreas relacionadas ao movimento do ser humano e
animais, incluindo: (a) funcionamento de músculos, tendões, ligamentos,
cartilagens e ossos, (b) cargas e sobrecargas de estruturas específicas, e (c)
fatores que influenciam a performance. A Biomecânica do Esporte se dedica ao
estudo do corpo humano e do movimento esportivo em relação a leis e princípios
físico-mecânicos, incluindo os conhecimentos anatômicos e fisiológicos do corpo
humano (Amadio, 1996).
Em
resumo, a biomecânica tem tido uma influência muito maior nas práticas de
educação física do que geralmente se reconhece ou anuncia. Professores,
técnicos e atletas freqüentemente encontram-se na situação de fazer uma escolha
entre duas técnicas destinadas a obter uma mesma finalidade. Sem dúvidas a
Biomecânica pode contribuir para a efetivação de processos educativos, que
envolvam comportamentos corporais, mais conscientes e, conseqüentemente,
marcados por concretas responsabilidades intencionalmente pedagógicas.
Especificamente no ambiente escolar, o conhecimento da Biomecânica pode contribuir
significativamente para a melhoria do ambiente, da saúde e da qualidade de vida
dos alunos. Tomando-se exemplos bem práticos, podem-se citar as mochilas
carregadas pelos alunos e o mobiliário escolar. Estes dois fatores são causas
de, no mínimo, desconforto, e podem em longo prazo causar graves danos às
crianças. O professor de Educação Física, conhecendo as implicações
Biomecânicas, pode conscientizar alunos, pais e demais professores para, pelo
menos, minimizar as conseqüências nocivas. Afinal, concebe-se o profissional da
Educação Física como um agente com responsabilidades que vão além das aulas de
Educação Física.
Texto retirado do artigo:
A
biomecânica e a Educação Física.
Autores: Clarissa
Stefani Teixeira e Carlos Bolli Mota
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